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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

ROCHEDOS - continuação

IV



Se algum desejo ainda me resta
ou se um fino lampejo de ar
de dentro de mim salta,
pouco importa o que seja
ou tanto faz lembrar-me da relva
ou do olhar de céu, ou da nuvem.
Nada ou tudo me ainda resta
ou não tens essa impressão?

Queria beijar-te
e queria que minha alma
fosse tua, fosse tua
Sinto tua alma e
de minha parte sou parte tua
se pudesses ver-me
e se eu pudesse sentir...

Queria sentir-te
um pouco de poesia e alma
ou se teu fosse o meu olhar
verde olhar a ver-te
porém não!
Ah, se pudesses saber de mim.
onde estás?


V



Se estás ao meu lado
em meu pulsar tu estás
e quando vejo-te passar
de tua face faço meu sonho
porque és gracioso e doce
e de tua doçura alimento
e alimento meu sonhar
porque és para mim
o que não sou para ti.

Queria abraçar-te
um abraço de eternidade
como a mim abraçaste
em dias atrás, que luz.
E tudo o que senti havia sido
uma contraparte de luz
ou quem sabe alguma esperança
de poder encontrar-me em ti.

Talvez eu te dissesse
algo de amor ou de timidez
Mas não faria isso, jamais
porque és para mim
o que não sou para ti.
E tu és tudo para mim
e eu sou metade para ti.


VI



Se eu não me lembrasse
daquela viagem
talvez as coisas não seriam
ou quem sabe seriam
menos tristes cinzas duras
Via no teu rosto
não o meu próprio rosto
mas o meu olhar em teu olhar

Tão perto estou de ti
tão distante de mim
está o teu coração
És como tão gracioso vento
que passa e lança em mim
a semente do eterno
Estejas perto ou longe

Uma viagem que termina
é uma lembrança que vejo
tive por dias o teu olhar
via em ti o mundo
a minha alma eu via
ligada em ti.
Se eu não lembrasse
daquela viagem
eu não saberia que tua alma
também não está em ti
como a minha não está em mim
Porque minha alma está em ti
mas a tua em mim não está.

VII



Se as fontes secassem,
de sede não morreria,
tantas noites e tantos dias
sem o que não posso ter de ti
de sede, viver aprendi
Não tenho mais meu corpo
porque o meu corpo não é
meu coração.
E meu coração está em ti
como em ti estão os meus sentidos

É inútil pensar na distância
porque não estás distante,
estás ao lado, ou de frente
mas estás fora de mim
mesmo estando eu a sentir-te
em meu perto-mas-longe.

Se os mares transbordassem,
de afogamento não morreria,
pois de tanto aprender a viver sem ti,
aprendi a afogar-me sem morrer,
e aprendi que o grito que vem de dentro
é pior do que morrer.



Autoria: Giovanni de Paula Oliveira.

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