I
Se ao menos ao lado de ti
eu acordasse
não haveria nuvem
gravetos folhas secas
cercas rochedos
pedras despedaçadas
acordado em pedras
carnes amargas
jeitos e árticas águas
haste de pedra
nem naquela erva
a selva e a relva
círculo de chuva e sol
gama
Ah, se ao lado de ti
ao menos ao lado de ti
eu acordasse
ou se dentro de nós vivesse
a eternidade!
II
Se acaso não me procurares
a mim encontrarás em longe
não estará em mim a leva
sem dúvida entrarás em ti
o minuto de silêncio
do Norte-Mar
Esta é a morte do caos
ou a sorte de areia
ou de noite a folha, a carne
o coração, sentimento seco
quem sabe a profundeza?
Não há nada porque
é proibido.
E porque é proibido,
é proibido sonhares.
Pois se acaso me procurares
não me encontrarás
ao menos que estejas
ao norte,
o Norte-Mar.
III
Se em algum momento
eu fosse poeta,
eu despertaria a alma
cruzaria os ventos
desvendaria o prazer do nada
ou de tudo o que se passa
mesmo que um dia
o sonho não se faça.
Andei pelos muros
e águas, e sem mares e pedras
nem mesas calmas lesmas
o atento da etérea lembrança
um marco desse dia
a despeito de achar a lua
ou despedaçar o tempo
ou outra coisa que eu faça.
Se ao menos eu fosse poeta
não me restariam apenas
os frios rochedos
nem a ventania agreste
que ao mesmo tempo é verão
ou ao mesmo tempo inverno.
(Autoria - Giovanni de Paula Oliveira)
À passagem
Há 9 anos
Giovanni,
ResponderExcluirA série de Rochedos é rocha lapidada do poema, como disse Itamar Assumpção uma vez:
A realidade é a rocha que o poeta lapida, doando à humanidade mal agredecida.
Poeta, talvez seja melhor afinar o coro dos descontentes.
ITAMAR ASSUMPÇÃO.
Abraço.
Sou esposo da Maeles.
Olá professor, lindo poema, não conhecia esse seu lado...parabéns!
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