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domingo, 24 de janeiro de 2010

ROCHEDOS

I


Se ao menos ao lado de ti
eu acordasse
não haveria nuvem
gravetos folhas secas
cercas rochedos
pedras despedaçadas
acordado em pedras
carnes amargas
jeitos e árticas águas

haste de pedra
nem naquela erva
a selva e a relva
círculo de chuva e sol
gama

Ah, se ao lado de ti
ao menos ao lado de ti
eu acordasse
ou se dentro de nós vivesse
a eternidade!


II





Se acaso não me procurares
a mim encontrarás em longe
não estará em mim a leva
sem dúvida entrarás em ti
o minuto de silêncio
do Norte-Mar

Esta é a morte do caos
ou a sorte de areia
ou de noite a folha, a carne
o coração, sentimento seco
quem sabe a profundeza?
Não há nada porque
é proibido.

E porque é proibido,
é proibido sonhares.
Pois se acaso me procurares
não me encontrarás
ao menos que estejas
ao norte,
o Norte-Mar.



III



Se em algum momento
eu fosse poeta,
eu despertaria a alma
cruzaria os ventos
desvendaria o prazer do nada
ou de tudo o que se passa
mesmo que um dia
o sonho não se faça.

Andei pelos muros
e águas, e sem mares e pedras
nem mesas calmas lesmas
o atento da etérea lembrança
um marco desse dia
a despeito de achar a lua
ou despedaçar o tempo
ou outra coisa que eu faça.

Se ao menos eu fosse poeta
não me restariam apenas
os frios rochedos
nem a ventania agreste
que ao mesmo tempo é verão
ou ao mesmo tempo inverno.


(Autoria - Giovanni de Paula Oliveira)

2 comentários:

  1. Giovanni,

    A série de Rochedos é rocha lapidada do poema, como disse Itamar Assumpção uma vez:

    A realidade é a rocha que o poeta lapida, doando à humanidade mal agredecida.

    Poeta, talvez seja melhor afinar o coro dos descontentes.

    ITAMAR ASSUMPÇÃO.

    Abraço.

    Sou esposo da Maeles.

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  2. Olá professor, lindo poema, não conhecia esse seu lado...parabéns!

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